domingo, 11 de maio de 2008

O suicídio

O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo. Apesar disso, ainda é tratado como um tabu e pouca gente tem coragem de o discutir abertamente.
Segundo estudos recentes, a cada 40 segundos alguém se suicida em algum lugar do mundo. Dados da Organização Mundial de Saúde evidenciam que cerca de 815 mil pessoas se mataram, no ano 2000, em todo o mundo
De facto, estes dados são preocupantes. Questiono: o que faz com que alguém decida acabar com a sua própria vida desta forma?
Ora, esta questão gira em torno de imensos motivos. Existem inúmeras causas possíveis, que podem ser desencadeadoras deste comportamento. A morte de alguém muito querido, um desgosto amoroso, algum tipo de instabilidade ou perturbação a nível fisiológico, psicológico ou até físico, o enveredar para caminhos difíceis de deixar (droga, toxicodependência, alcoolismo, etc.)… são algumas das causas possíveis.
O período pré-suicídio é, geralmente, de grande sofrimento – físico ou emocional – que vai ficando mais intenso à medida que o tempo passa, até que viver se torna algo pesado, insuportável e muito angustiante. As pessoas sentem que ninguém as compreende, que o mundo inteiro está contra elas, para estas a vida perde todo e qualquer sentido. Sentem a necessidade, talvez de, fechar os olhos e viajar para outra vida aonde se sintam mais felizes e realizadas. Será que a morte é o passaporte para essa nova vida? Talvez, na imaginação de algumas pessoas gira a ideia de que a morte nos traz paz, tranquilidade e até, que nos encaminha para outra vida melhor.
O suicídio não tem explicações objectivas. Agride, estarrece e silencia. É, em alguns casos, considerado um tabu, motivo de vergonha ou condenação, sinónimo de loucura.
Este é um tema extremamente complexo e um pouco incógnito. O suicídio é o termo à vida. E matar-nos a nós próprios é, na minha opinião, algo extremamente incongruente. Alguém que tem coragem de se matar a si próprio deve estar num estado extremo de loucura e pânico. Muitas vezes, as pessoas que se suicidam nem sequer têm razão para o fazer, na medida em que, estão de tal forma perturbadas que não encontram outro caminho. Penso que nenhuma razão, qualquer que esta seja, nos pode levar a um acto tão trágico e absurdo.
Nós, seres humanos, somos seres altamente únicos, detentores de algo inexplicável que nos distingue dos outros seres do universo. Somos capazes de imaginar para além daquilo que é o nosso quotidiano, daquilo que é a nossa rotina diária, somos capazes de sonhar e de imaginar mundos diferentes do nosso. Na verdade, somos seres em possibilidade, pois tudo é possível, estar alegres ou tristes. Somos seres afectivos, passionais, temperamentais, sonhadores, cruéis e criativos.
De facto, o suicídio não devia nem sequer entrar no raciocínio do ser humano. Qualquer que seja a razão ou o motivo não nos pode levar a este acto tão cruel e cobarde. Sim, porque a nossa racionalidade deve estar sempre presente na nossa vida. Temos a obrigação de tentar ultrapassar os problemas, colocar um muro em cima deles, esquecê-los, de forma a tornar a nossa vida mais saudável. A vida é demasiado efémera e, por isso, não devemos desperdiçá-la desta forma. Viver é algo precioso. Basta imaginar aqueles que falecem porque estão doentes ou até aqueles inocentes que são mortos por qualquer motivo… Estes não têm qualquer tipo de escolha. Agora pensemos, será que vale a pena acabar assim com a nossa própria vida?
O ser humano tem, ainda, inúmeras dificuldades em conseguir ultrapassar um problema, resolver uma questão, por mais simples que seja. Muitas vezes, optam pela solução mais simples (o suicídio, por exemplo) e nem sequer tentam arranjar uma resolução. Ora, esta característica não faz parte da caracterização geral do ser humano. Um ser humano não foge os problemas. Não projecta a sua vida à toa. Reflecte, raciocina e pondera tendo em conta a decisão mais acertada. Recorda o passado, para agir no presente, tendo em conta o futuro.
Por isso, o suicídio é um tema muito monstruoso. Para dizer a verdade, até sinto medo em falar nisto. É algo que me assusta e que não consigo ainda entender muito bem. Apenas tenho consciência de que viver é algo insubstituível, algo que deve ser usufruído e aproveitado da melhor forma possível. A vida é a maior riqueza que temos. A partir daí basta sonharmos e, ao mesmo tempo, sermos seres humanos verdadeiros e racionais e, claro emocionais!


Bibliografia: Super Interessante – Edição 184 (Janeiro 2003)

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