domingo, 4 de maio de 2008

Interacções com o Mundo


A cognição social é um conjunto de processos que estão na base da maneira como encaramos os outros e a nós próprios. Procura conhecer os factores que influenciam e afectam a forma como interagimos com os outros.Estes processos permitem-nos ter uma capacidade limitada da informação relativa ao mundo social, recorremos a esquemas que representam o nosso conhecimento sobre nós, sobre os outros e sobre os nossos papéis no mundo social. É a partir desses esquemas, dessa forma específica de conhecimento que processamos a informação sobre o mundo social e que formamos opiniões sobre nós e sobre os outros.Os processos de cognição são as impressões, as expectativas, as atitudes e as representações sociais.
As impressões são um termo que usamos com muita frequência após conhecermos uma pessoa. No primeiro contacto que temos com alguém que não conhecemos, construímos uma imagem, uma ideia sobre essa pessoa a partir de algumas características, de alguns indícios que apreendemos no primeiro encontro. Seleccionamos alguns aspectos que consideramos mais significativos, naquele momento e naquela situação, o que nos leva a avaliar a pessoa. Procedemos a um processo de categorização, ou seja, reagrupamos os objectos, as pessoas, as situações em diferentes classes a partir do que consideramos serem as suas diferenças e semelhanças. É a partir dos indícios físicos, verbais, não-verbais e comportamentais, que formamos uma impressão global de uma pessoa, a quem atribuímos uma categoria socioeconómica e cultural, um determinado estatuto.
As expectativas são modos de categorizar as pessoas através dos indícios e de informações, prevendo o seu comportamento e as suas atitudes. As expectativas afectam o modo como os outros interagem connosco, influenciando, por sua vez, a nossa auto imagem e o nosso comportamento. Comportamo-nos em função das expectativas, tendo em conta o que os outros esperam de nós.
As atitudes são, portanto, tendências relativamente estáveis para uma pessoa se comportar de determinado modo face a uma situação, objecto, grupo ou pessoa. Elas não nascem connosco. Formam-se e aprendem-se no processo de socialização. É através das observações, identificação e imitação de modelos (pais, professores, figuras dos meios de comunicação social, etc.) que se aprendem, que se formam as atitudes. Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular predomínio na infância e adolescência. Tal não significa que depois destas idades as atitudes não possam mudar, certas experiências vividas ou acontecimentos extraordinários podem conduzir à alteração das atitudes.
As representações sociais são um conjunto de crenças e ideias que são aceites por uma dada sociedade ou grupos sociais. É um saber partilhado, produto das interacções sociais, e que funciona como um regulador do comportamento. São características de uma determinada época, sociedade e cultura. Fazem parte do processo de interacção social, permitindo aos membros de um grupo social comunicarem e compreenderem-se. As novas representações que apreendemos juntam-se às anteriores, que o sujeito já possui, formando um todo que orienta o comportamento.
E são estes processos que interligados nos permitem interagir, ser e estar em sociedade, vivendo com o outro, aprendendo a perceber e a ser compreendido.
Assim, podemos dizer que um factor favorável à nossa felicidade é sem dúvida a relação que estabelecemos com os outros! O nosso bem-estar interior está dependente das relações interpessoais. Nós não vivemos isolados. Vivemos em sociedade! Os processos que descrevi primeiramente explicam a forma como somos afectados envolvendo a maneira de nos relacionarmos com o Mundo à nossa volta. Mas…o que sabemos realmente de relações humanas? Quando falamos com o outro, conseguimos efectivamente entender e compreender o outro? A maneira como reagimos ao que os outros nos fazem ou dizem não vai condicionar o que pensamos e o que sentimos? De facto, depende de nós permitirmos que os outros controlem a nossa mente e a nossa própria vida. Assim, é necessário um trabalho contínuo e diário sobre o que " recebemos" e o que "enviamos" para os outros!


Bibliografia:

• MONTEIRO, Manuela e FERREIRA, Pedro. Ser Humano. 2ª Ed. Vol. 2. Porto Editora, 2006.



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