Há várias causas que podem provocar amnésia, como por exemplo: infecções que atingem o tecido cerebral do cérebro, ferimentos ou pancadas na cabeça, um derrame cerebral, alcoolismo, etc. Se há várias causas que provocam amnésia, consequentemente há também vários tipos de amnésia, neste texto vou-me centrar, na amnésia anterógrada.
Normalmente a amnésia anterógrada é cauda por um traumatismo forte. Esta forma de amnésia é posterior ao trauma cerebral, o indivíduo só se consegue lembrar de eventos decorridos antes do trauma e tem a incapacidade ou dificuldade de se recordar de eventos recentes.
Esta amnésia está muito bem explícita nos filmes: “Memento” e “A Minha Namorada Tem Amnésia” (Fifty First Dates). Apesar de serem categoricamente diferentes pois o primeiro é um policial e a personagem principal só ter memória imediata durante uns minutos, e o segundo, uma comédia, e a personagem ter memória imediata de 24h, ambos mostram como perdemos a nossa identidade quando a nossa memória imediata se perde. As duas personagens têm em comum a necessidade de um bloco de notas para não se sentirem tão perdidos, ou seja, no caso de Lenny (no filme Memento) tatua o seu corpo criando uma linha cronológica, criando assim um caminho para atingir o seu objectivo; Já no caso de Lucy (em “A minha namorada tem amnésia”) é o próprio namorado que grava todos os momentos recentes da vida dela, assim consegue reter as memórias mais recentes e prosseguir com a sua vida. Se estes dois personagens não tivessem este bloco de notas improvisado, sentir-se-iam muito perdidos na sua vida futura, pois deixariam de ter a sua identidade.
Tudo que é mental pode ser manipulado, logo a nossa mente pode ser modificada de tal modo que a nossa realidade mental seja completamente o oposto da verdadeira realidade. Lenny (do filme “Memento”), manipulou a seu futuro de forma a que, o seu objectivo (matar quem matou a sua mulher) nunca se pudesse realizar, criando assim uma realidade inexistente, inventada. Já no caso de “A minha namorada tem amnésia” , o namorado podia manipular Lucy pois era ele que gravava a realidade de ambos, apesar de a gravação ser a copia mais verdadeira da realidade, podia mesmo assim manipulá-la negativamente.
Por isso persisto na ideia que as nossas memória recentes condicionam muito o nosso futuro, pois são elas que um dia mais tarde se tornarão em memórias antigas e serão a nossa identidade. Sem memória não temos identidade, pois a memória, é o conjunto das nossas representações sociais, e consequentemente as nossas representações são as percepções do meio onde estamos inseridos. Se modificarmos as nossas representações, a nossa percepção do mundo vai ser completamente diferentes da realidade, criando, assim, uma realidade imaginária, inexistente.
Para perceber o drama das pessoas com amnésia aconselhava a ver estes dois filmes, pois mostram perfeitamente os sentimentos de perda de identidade destes indivíduos.
Bibliografia:
· http://pt.wikipedia.org/wiki/Amn%C3%A9sia;
· http://www.manualmerck.net/?url=/artigos/%3Fid%3D101%26cn%3D928;
· MONTEIRO, Manuela Matos e FEREIRRA, Pedro Tavares, Ser Humano, 2ªParte - Psicologia B 12ºAno, Porto Editora;
segunda-feira, 7 de abril de 2008
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2 comentários:
Sofia, estes filmes realmente são muito bons pois mostram quais são as consequências da perda de memória. Ambas as personagens principais sofreram acidentes o que provocou a "ruptura", se é assim que podemos chamar, de novos conhecimentos, novos conceitos, novos sentimentos, e por sua vez, novas experiências. É a nossa memória que assegura que continuaremos a aprender, é esta que actualiza os comportamentos aprendidos. Por isso, quase tudo que fazemos, e até de forma inconsciente, exige memória. Alguém já se imaginou sem memória? Sem poder guardar NADA, na nossa "gaveta"? Pois, penso que não, mesmo só de pensar nestas perguntas ficamos perdidos.
Como já escreveram um texto a comentar volto aqui a realçar "...A nossa memória é a nossa coerência , a nossa razão, o nosso sentir, até as nossas acções. Sem memória não somos nada..."
Alexandra Pinto
Concordo com a ideia de que a nossa memória é, de certa forma, o núcleo do nosso ser, já que nos torna naquilo que realmente somos a cada momento… Só não sei bem se isso é bom ou mau!
Principalmente para nós que já vimos o filme, torna-se óbvio que todos os nossos hábitos de vida se modificam bastante quando este tipo de acidentes acontecem e nos tornam escravos da vida em vez de beneficiários da mesma! Assim, temos que louvar a atitude das duas personagens referidas no artigo, principalmente a de Lenny (que neste momento se encontra mais presente na nossa memória), já que estes foram capazes de arranjar estratégias de adaptação às suas novas vidas…não é qualquer um que consegue sobreviver segundo regras tão restritas, em que tudo o que não for escrito em qualquer pedaço de papel simplesmente desaparece da nossa memória!
No entanto, nós (pessoas sem qualquer problema de memória) acabamos por não ser mais do que eles. Passo a explicar: o Lenny por exemplo, modificou os seus conhecimentos anteriores para conseguir viver lado a lado com a sua “condição”, ou seja, para ter uma razão para sobreviver. E, não é isso que nós fazemos no nosso dia-a-dia? Modificamos os nossos conhecimentos, tentamos esquecer algumas coisas e manter outras bem presentes na nossa memória…
Até existem formas de provar isso, por exemplo, alguém que escreva um diário…mais tarde quando o ler não se vai lembrar de muitos dos acontecimentos que lá estão inscritos, ou então lembrar-se-á de acontecimentos que são, na realidade, bastante diferentes dos que escreveu na altura! Nesse sentido, persiste a pergunta: será que é mais real o que escrevemos no momento em que os acontecimentos se dão, ou o que sentimos passado algum tempo?
Nada nos prova que a nossa primeira impressão das coisas é mais verdadeira do que a que temos alguns anos depois…pelo que podemos então dizer que A NOSSA REALIDADE É AQUILO QUE NÓS QUISERMOS QUE ELA SEJA!
(…Tal como no filme…)
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