Desde que nasce até que morre, o ser humano vive em sociedade integrado em diferentes grupos sociais. Aliás só sobrevive em interacção com os outros num mundo construído, modificado que dá resposta às suas necessidades.
Aos grupos sociais com quem interagimos associamos determinadas crenças que nos dão uma imagem simplificada das suas características e que se generalizam a todos os seus membros. Tais formas práticas de orientação seguidas pelas pessoas recebem o nome de estereótipos: ver os negros como perigosos e ladrões é encara-los sob uma perspectiva estereotipada, isto é, estamos a atribuir-lhes características que a sociedade solidificou para lhes referir.
De igual modo, sempre que nos lembramos de caracteres raciais, étnicos, nacionais ou sexuais que vulgarmente as pessoas atribuem a povos ou a grupos, estamos na presença de estereótipos
Embora possam diferir de uma sociedade para a outra os estereótipos existem em todas elas, concretizando-se em formas convencionais de ver e agir. Na base dos estereótipos está a categorização: processo que permite simplificar a complexidade do mundo social e permite ao homem orientar o seu comportamento nas relações interpessoais. O facto de as pessoas categorizarem a realidade social permite-lhes encarar eficazmente o mundo que os envolve, adoptarem comportamentos e preverem o dos outros. Os estereótipos proliferam em virtude do seu poder cognitivo.
Uma outra função dos estereótipos é a de ordem socioafectiva que se relaciona com o sentimento de identidade social ao grupo que o partilha. Somos capazes de nos distinguir dos membros de outros grupos, desenvolvendo sentimentos de “nós” (endogrupo) por oposição aos “outros” (exogrupo).
Enquanto formas cristalizadas de ver, pensar e actuar, os estereótipos têm fortes relações com os preconceitos porque na base destes está a informação vinculada pelos estereótipos. Os estereótipos fornecem os elementos cognitivos e os preconceitos acrescentam uma componente afectiva, avaliativa.
Os preconceitos são atitudes que envolvem “prejuízos”, um “pré-julgamento”, na maior parte das vezes negativo, pejorativo relativamente a membros de grupos sociais, como por exemplo “os alentejanos são preguiçosos”.
Os preconceitos como os estereótipos são ideias generalistas dos membros de determinado grupo. No entanto, as ideias generalistas são sempre deturpadas pois duas pessoas do mesmo grupo podem ter opinião diferente e agir diferente em determinada situação. Os preconceitos por vezes podem mudar.
O preconceito possui 3 componentes:
1- A componente cognitiva (ex.: opinião sobre um grupo)
2- A componente afectiva (sentimentos que se exprimem face ao objecto do preconceito)
3- A componente comportamental (ex.: comportamentos em relação a um grupo)
Os comportamentos podem reflectir-se numa opinião, por exemplo: “se não fala americano nem me dirija a palavra” ou então reflectir-se em actos de discriminação, por exemplo: “como os pretos não dão gorjeta não os atendo”.
A discriminação designa o comportamento dirigido aos indivíduos visados pelo preconceito, isto é, “todo o tratamento que nega aos indivíduos e aos grupos igualdade de tratamento que eles merecem” designa-se por discriminação.
Na base da discriminação está o preconceito, que sendo uma atitude sem fundamento, injustificada e geralmente desfavorável pode conduzir à discriminação de grupos sociais.
Discriminação e preconceito relacionam-se mas são coisas distintas, enquanto este é uma atitude, a discriminação é o comportamento que decorre do preconceito. A discriminação pode demonstrar-se a diferentes níveis:
1-Verbalização negativa (pessoas que se limitam a expor os seus preconceitos)
2-Evitamento (pessoas que evitam o convívio com outras de diferentes grupos sociais)
3-Discriminação (quando as pessoas excluem os membros dos exogrupos)
4-Ataque físico (comportamentos agressivos perante alguém)
5-Extermínio (liquidação do exogrupo).
Os preconceitos são uma arma, uma forma perigosa de atacar os outros, geralmente minorias. No fundo, agir preconceituosamente em relação a outrem é estabelecer barreiras defensivas relativamente ao grupo social que se tem preconceitos e estereótipos negativos.
Estereótipos, preconceitos, discriminação e intolerância foram os temas abordados ao longo deste texto e são o tema que vagueiam no filme Colisão. Este filme aborda as diversas vicissitudes das relações humanas, visando aquilo que nos aproxima e separa dos outros.
O visionamento deste filme contribui bastante para a assimilação destes conceitos e conduz nos para um reflexão pessoal profunda, isto porque nele retratam-se realidades que nos abraçam e nós não damos conta, situações a que assistimos e em relação às quais ficamos indiferentes, aquém de qualquer tipo de reacção.
Colisão é um forte olhar sobre os diversos conflitos que flutuam na sociedade. Usando alguns estereótipos o filme mostra-nos a discriminação a todos os níveis. Umas vezes de forma mais leve outras não, expõe os preconceitos que nos rodeiam e que às vezes não aceitamos que existem. Mas mais, mostra que nem tudo é preto ou branco, uma pessoa pode cometer um acto atroz num momento e noutro cometer outro totalmente altruísta.
Sónia Raquel 12º B
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Processos de relação entre os indivíduos e os grupos
Publicada por DM à(s) 00:18
Autores 12.º B Sónia Vieira
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