Eric Kandel, o Nobel da Medicina, acredita que os segredos da Mente serão revelados no século XXI? Pois é. Este senhor de 77 anos que nasceu em Viena, a 7 de Novembro de 1929 tem como segredo para a sua longevidade (pelo menos da memória!) o facto de exercitar o cérebro.
Começou a estudar as doenças mentais humanas através de um ser vivo bastante simples: Aplysia punctata (molusco marinho). Estudou este tipo de seres vivos, porque o seu cérebro era muito simples (tinha as células nervosas maiores do reino animal, mas um sistema nervoso simples). A conclusão a que chegou depois de o estudar era de que o poderia ensinar, modificar o seu comportamento e analisar os efeitos a nível celular da aprendizagem e da memória. Esta espécie de lesma conseguia mesmo aprender uma série de respostas reflexas.
Mais tarde, este génio quis aventurar-se pelas formas de vida mais complexas. Para isso escolheu o rato, um mamífero, e por isso muito mais próximo dos seres humanos. Para além de ser um mamífero, este ainda possuía outra vantagem: o facto de os princípios que se verificavam na Aplysia permanecerem neles, o que nos humanos também acontece, no entanto nós somos mais complexos, e por isso, mais difíceis de trabalhar.
Deste modo, temos em comum as mudanças funcionais na bioquímica das células nervosas (memória a curto prazo) e o desenvolvimento de novas ligações e alterações anatómicas (memória a longo prazo) constantes para quase todas as formas de aprendizagem. Ou seja, estes animaizinhos muito simples têm memória a longo prazo! Outro facto muito interessante é podermos modelar num rato imensas perturbações psiquiátricas, como por exemplo a esquizofrenia. É evidente que não existem ratos esquizofrénicos, mas podemos perfeitamente alterar genes no animal, acabando por lhe provocar certas perturbações que acontecem nas pessoas ou então colocar-lhe um gene humano da doença. O ratinho iria acabar por apresentar três tipos de sintomas: positivos (loucura, euforia, alucinações); negativos (isolamento social) e cognitivos (desorganização, défice no funcionamento da memória).
E assim, podemos concluir que um defeito nos receptores D2 (ligados ao neurotransmissor dopamina), que é uma falha associada à esquizofrenia, faz ocorrer um défice cognitivo. Estas doenças psiquiátricas são para a vida toda e tornam-se um fardo médico e uma carga financeira para a sociedade, podendo começar na juventude e durar a vida inteira!!!
Se estás interessado, podes ler a entrevista completa in Visão.
PS: Para terminar, (e já estou a ser muito chata!) gostaria de lançar umas últimas questões para pensarem. Como é que se processa o armazenamento da memória? Será que está ligado à doença de Alzheimer? E nós que somos estudantes: será que podemos fazer alguma coisa para melhorar a nossa memória? Será que esta é limitada? E os suplementos para a memória serão realmente eficazes?
Já agora, vale a pena pensar nisto…
O armazenamento da memória…
Hoje em dia, sabemos que a memória é algo muito complicado. Podemos recordar algo que já se passou há mais de 50 anos e simplesmente não nos lembrarmos do que comemos ontem ao almoço. Tudo isto tem uma explicação muito simples, nós prestamos mais atenção e damos mais significado a uns acontecimentos do que a outros. Existem ainda aquelas pessoas que sofrem de Alzheimer , que , para quem não sabe, é a perda de algumas ligações nervosas.
Outro facto muito interessante, é que algumas pessoas têm uma excelente memória e outras têm uma péssima. O que acontece nestes casos é que existem diferenças genéticas e, noutros casos, uns treinam mais a memória do que outros, atrasando mesmo a doença de Alzheimer. Ao trabalharmos a memória, crescem novas ligações sinápticas. Como através da doença se perdem muitas ligações, o que acontece é que, como fomos formando muitas outras, demora algum tempo até que se verifique os efeitos da enfermidade.
Uma grande dúvida que existe em relação à memória, é que pensamos que se perde mais facilmente a memória a curto prazo do que a memória a longo prazo. Mas isto tem uma explicação. As pessoas com o passar dos anos, acabam por não aceitar novas informações e não conseguem colocá-las na memória a longo prazo, ou seja, lembram-se de coisas previamente armazenadas, mas não são capazes de acrescentar novas. Não perdem a memória a curto prazo, simplesmente são incapazes de a transformar numa a longo prazo. – Tal e qual o filme que visualizámos “Memento”. Curiosamente, também podemos inferir daqui que conseguimos praticar o recordar. E o que é recordar? É o simples facto de vermos um evento, associá-lo a um anterior e a experiência inicial aparecer. Por vezes, sem querermos, lembramo-nos de coisas que nem sequer estamos a pensar. Surgem-nos assim na cabeça. Isto significa que o nosso cérebro está a trabalhar nesse mesmo assunto, sem nos darmos conta, inconscientemente.
Já agora, vale a pena pensar nisto…
Estás sempre a lamentar-te que a tua memória é pequena? Passas a vida a sacrificar o teu médico de família para te dar o tão famoso centrum? És capaz de suplicar ao farmacêutico que te dê as vitaminas que tanto precisas? Pois vou desiludir-te (Arre!!! Esta mania da psicologia de só trazer desilusões!!!). Pois é, é que estes suplementos para a memória são puro efeito placebo. Mas então, perguntas tu, o que é que podemos fazer para melhorar a memória? (Para além de a exercitar, é claro!)
Como por agora ainda não podemos mexer nos genes, e como não existe qualquer tipo de medicamento ou chip que nos faça aumentar a memória, temos que nos contentar com a cafeína. Não há nada tão eficaz como uma boa chávena de café para os estudantes ajudarem a sua memória a armazenar. Ao aumentar os níveis de uma molécula muito importante para o armazenamento da memória, a cafeína torna-se assim um dos melhores amigos dos estudantes. Assim, já sabes, quando te sentires com falta de memória, desata a correr para o café mais próximo !!!
Vamos agora reflectir sobre a memória e a inteligência. Qual delas pensas que é mais importante? Qual gostarias de ter? Pessoalmente eu preferia as duas, mas deixo ao critério de cada um a escolha.
Se és daqueles que não tem memória de todo, tem cuidado, pois dificilmente serás muito esperto. No entanto, se fores bastante inteligente, escusas de te preocupar tanto com a tua memória, pois é possível ter-se uma má memória e ser-se inteligente e ao contrário também é verdade. Estás confuso? Não estejas. O que acontece de facto é que as pessoas que têm uma memória perfeita acabam por não ser muito criativas. Como têm a cabeça cheia de lixo, não conseguem ter espaço para a criatividade.
Para terminar, (e já estou a ser muito chata!) gostaria de lançar uma última questão para pensarem podemos dizer que o cérebro, para uma grande maioria das pessoas é ilimitado. O que infelizmente pode acontecer é que muitas pessoas tendem a memorizar absolutamente tudo, e assim, o cérebro pode ficar sobrecarregado, sem espaço para pensar. O espaço para aprender continua lá, certos aspectos da criatividade é que ficam comprometidos.
Se ficaram curiosos sobre estes temas podem consultar a entrevista na íntegra ao senhor Erik in Visão ou então podem sempre ler o texto do argentino Borges, Funes, O Memorioso. Este mostra-nos uma pessoa de memória excelente, mas com uma criatividade nula.
sábado, 12 de abril de 2008
Como vai a tua memória?
Publicada por DM à(s) 12:57
Autores 12.º F Sofia Borges
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1 comentário:
D. Sofia =) gostei muito de te "ler"
Obrigado por compartilhares a tua sapiência.
Um beijo, Iris
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