terça-feira, 10 de março de 2009

O que explica as relações de conflito e como podemos superá-las?



Ao lermos os jornais, ao ouvirmos conversas sobre relações de trabalho, relações afectivas ou outras, ao analisarmos algumas das nossas experiências pessoais, constatamos que o conflito está presente nas várias dimensões da vida social, no contexto das interacções sociais. Pode-se definir conflito como uma tensão que envolve pessoas ou grupos quando existem tendências ou interesses incompatíveis. O conflito ocorre em relações próximas e/ou interdependentes em que existe um estado de insatisfação entre as partes. A insatisfação pode ter várias origens: divergência de interesses, competição pelo poder, incompatibilidade de objectivos, partilha de recursos escassos, desacordo de pontos de vista…A situação de conflito pode assumir o carácter de conflito intrapessoal (conflito interno), conflito interpessoal (conflito entre pessoas) e conflito intergrupal (conflito entre grupos). Apesar de haver conflitos noutras estruturas sociais, vou deter a minha atenção no conflito intergrupal. Sempre que os interesses entre duas pessoas ou dois grupos forem divergentes podemos esperar que se desenhe um conflito traduzido em comportamentos e atitudes competitivas, que podem atingir formas elevadas de hostilidade e até agressão. Pelo contrário, quando os interesses objectivos de dois grupos forem convergentes e os recursos suficientes para que ambos os consigam atingir, é mais provável que se desenhe a cooperação entre eles, sendo os comportamentos então orientados para a colaboração. Torna-se importante referir que não basta o simples contacto entre grupos hostis para se ultrapassarem os preconceitos e o conflito. O contacto que envolva a cooperação, a entreajuda e a interdependência tem muito mais possibilidades de sucesso na superação de conflitos. Efectivamente, é necessária a cooperação, isto é, a acção conjunta que implique a colaboração dos envolvidos para se atingir um objectivo comum. De facto, só quando se definiram objectivos de carácter imperativo essencial para a vida dos dois grupos, em que estes tiveram de discutir, elaborar um plano, dividir as tarefas, é que a hostilidade desapareceu. Além disso, outros meios a que se recorre para se ultrapassarem conflitos são: a dominação, a submissão, a inacção, a mediação e a negociação. A dominação ocorre quando um grupo impõe unilateralmente a solução ao outro grupo. A submissão ocorre quando um grupo cede às exigências do outro grupo. A inacção ocorre quando os dois grupos, ou um deles, escolhem não agir, esperando que o passar do tempo resolva por si só o conflito. A mediação prevê o envolvimento de alguém que não está envolvido no conflito e que tem uma posição neutral. O mediador terá a distância para apreciar e ajudar a clarificar o conflito. O seu objectivo é promover a comunicação entre as partes em conflito. E por fim, a negociação que ocorre quando os grupos em conflito procuram construir um acordo no sentido de impedir o desenvolvimento da hostilidade para fases mais agudas. A negociação visa evitar a confrontação directa. A negociação implica cedências e exigências mútuas. Actualmente, dominam as soluções baseadas na cooperação, na mediação e na negociação.
A vivência e a ultrapassagem dos conflitos correspondem a processos de desenvolvimento pessoal e grupal. Depois de ultrapassados, favorecem respostas mais adaptadas. Sem omitir os aspectos negativos, actualmente considera-se o conflito como um factor de mudança e desenvolvimento social.

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