sábado, 28 de fevereiro de 2009

O que é o amor ?

Todos sabemos o que é o amor, não sendo, no entanto, pelo menos para mim, possível defini-lo por palavras… Mas afinal o que será este sentimento (se o for) que nos torna parcialmente dependentes das pessoas que nos são mais próximas (e que amamos), ao ponto de, ao estarmos longe delas, nos tornemos altamente infelizes e angustiosos?

Robert Stenberg, psicólogo norte-americano, formulou uma teoria segundo a qual o amor englobaria três componentes distintas: a intimidade, a paixão e o compromisso. No que toca à intimidade, de carácter mais emocional, estamos perante uma relação de confiança mútua que inclui a protecção e a necessidade de estarmos perto do outro. É através da intimidade que duas pessoas compartilham as suas experiências pessoais e o que mais íntimo há de si. A paixão, que se baseia essencialmente na atracção sexual, envolve um sentimento irreprimível de estar com o outro. Por sua vez, o compromisso é a expectativa de que o relacionamento dure para sempre, numa intenção de comprometimento mútuo.


Na Psicologia, o amor é definido como sendo, não simplesmente o gostar em maior quantidade, mas sim um estado psicológico qualitativamente diferente. Isto porque, "ao contrário do gostar, o amor inclui elementos de paixão, proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma preocupação intensa."

Psicologismos à parte, o que será, entre nós, sabedores do senso-comum, o amor? Será uma mistura entre loucura e paixão que faz focar o nosso pensamento única e exclusivamente na pessoa que amamos? Ou será um sentimento de desejo incontrolável que nos torna incessantemente ansiosos por estar com o outro, numa troca recíproca de carinho, afecto, confidências, palavras e olhares? De facto, o amor pode ser uma conjugação de todos estes aspectos, em que nenhum é dispensável mas todos são imprescindíveis.

Numa tentativa de simplificar a definição de Amor, os psicólogos sociais recorreram à definição de seis diferentes formas de amar. São elas seis: o amor romântico (envolve paixão, unidade e atracção sexual mais usual na adolescência), o amor possessivo (determinado pelo ciúme, provocando emoções extremas), o cooperativo (que nasce geralmente de uma amizade anterior, sendo alimentado por hábitos e interesses comuns), o amor pragmático (característico de pessoas ensinadas a reprimir os seus sentimentos o mais possível, sendo estas relações desprovidas de qualquer manifestação de carinho), o lúdico (que se baseia na conquista e na procura de emoções passageiras) e o amor altruísta (praticado por pessoas dispostas a anular-se perante o outro, tendendo a "isolar-se num mundo onde, na sua imaginação, só cabem os dois ainda que o outro pense e actue exactamente ao contrário").

Há quem defenda que o amor é uma história construída ao longo da vida que, com o tempo, transpõe a mera atracção física, passando para uma preocupação com o bem-estar do outro para o seu próprio bem-estar. Manifesta-se numa influência mútua, no qual a (in) felicidade de um causa a (in) felicidade do outro. A paixão e o desejo tendem a não ser tão intensos, fortalecendo-se antes a cumplicidade, a intimidade e o companheirismo.

Durante a minha pesquisa, e na tentativa de explicar o que é ou em que se baseia o amor, descobri um estudo que revelou que os sentimentos amorosos podem levar à inibição da actividade de várias áreas do cérebro ligadas à capacidade e ao pensamento crítico, suprimindo a actividade neurológica relacionada com a avaliação social crítica dos outros, e também as emoções negativas. Este facto acaba, curiosamente, por fazer jus ao ditado popular que afirma que "o amor é cego." De facto, este estado leva a uma alteração da nossa capacidade cognitiva: tendemos a idealizar o parceiro, exagerando nas suas qualidades e rejeitando todo o tipo de indícios menos positivos que dele possam surgir. Ainda no mesmo estudo, outro aspecto que terá impressionado os investigadores foi o facto de, ao analisarem a actividade cerebral de 20 jovens mães ao verem as fotos dos seus filhos, de crianças que conheciam e de amigos adultos, terem verificado que, tal como nos padrões de actividade cerebral registados num estudo relativo aos efeitos do amor romântico, ocorre uma redução dos níveis de actividade nos sistemas necessários para fazer julgamentos negativos.

Apesar de todos estes dados, imprescindíveis para o conhecimento do amor, qualquer definição que nos seja apresentada nunca nos satisfaz completamente. Sentimos que existe sempre mais alguma coisa e é esse mesmo mistério que torna a definição do amor subjectiva e, por isso, controversa e não consensual. Até porque, se tal fosse possível, a magia envolta em torno desse elemento fundamental da vida de um indivíduo poderia desaparecer, perdendo assim parte de todo o seu significado…

"Alguns dos obstáculos a amar: a nossa agenda pessoal ou motivações, expectativas, necessidades e desejos. Temos que ter cuidado para que no amor não estejamos a procurar a nossa pessoa, uma réplica, um clone; ninguém pode ser exactamente como nós. O amor pode ajudar-nos a descobrir as nossas diferenças de modo que possamos enriquecer-nos por elas."

Martine Batchelor

FONTES:
http://www.portaldascuriosidades.com/forum/index.php?action=printpage;topic=60237.0

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=60&id_news=130695

Manual de Psicologia, 12º ano

A inveja

A inveja, um dos sete pecados capitais, é o desejo por atributos, posses, status ou habilidades de outra pessoa. Pode também ser definida como “o deslocamento da energia do potencial de determinado indivíduo para a exacerbada preocupação com a satisfação e prazer de outra pessoa, geralmente íntima do sujeito em questão”. Todos nós sentimos naturalmente inveja (o que nos consola profundamente), seja duma forma mais ou menos positiva. Mas quantas vezes na nossa vida somos vítimas da inveja desenfreada de pessoas com quem somos obrigados a conviver?

Pois bem, o facto é que a inveja existe e está presente em todas as esferas do relacionamento humano, manifestando-se em todas as vertentes do nosso quotidiano. Entre amigos, colegas ou até familiares, são frequentes as invejas motivadas por comparações desfavoráveis do status de uma pessoa em relação à outra. Aliada ao ciúme, à mágoa, à falta de auto-estima ou à falta de iniciativa em conseguir obter o que os vitoriosos obtêm, a inveja pode, contudo, ser positiva: quando tomamos alguém bem sucedido como referência para atingirmos o que ele conseguiu atingir, rumo ao sucesso. Neste caso, é necessária uma auto-estima que te torne confiante nas tuas capacidades. Por outro lado, o invejoso, sendo uma pessoa frágil, rende-se à sua própria insignificância provocando, antes disso, graves prejuízos na vida do invejado. A crítica é um exemplo, sendo das máscaras da inveja a mais subtil e, ao mesmo tempo, a mais evidente. Isto porque, sempre que caluniamos alguém (ou o criticamos destrutivamente) será porque nos sentimos inferiores a essa pessoa. Daí essa necessidade em falar mal da pessoa que tanto invejamos.

"Num certo dia uma cobra voraz desejava a todo custo abocanhar o inofensivo vagalume. Ao que o último lhe pergunta: "Serpente, tu que és tão poderosa porque me desejas aniquilar?". A serpente respondeu-lhe: "O teu brilho fascina-me e como eu não o posso ter, ninguém mais o terá. Por isso quero-te devorar."

Mas porque não viver bem com o sucesso dos outros? Habitualmente, a inveja é formada a partir do momento em que as qualidades do outro são comparadas, faltando uma avaliação do meu próprio potencial. Estes sentimentos de grande frustração e de inferioridade são gerados pelo facto de a pessoa não ser capaz de realizar acções minimamente úteis para si e para os outros, consolidando-se assim o complexo de inferioridade relativamente è pessoa invejada. A comparação que fazemos entre nós e o outro pode ser geral - quando comparamos as qualidades psicológicas, morais, sociais ou espirituais - ou específica - quando comparamos as posses materiais, como a casa, o carro, a roupa, o dinheiro ou o porte físico.

Psicólogos afirmam que talvez este processo venha da convivência no ambiente familiar, onde comparações são frequentes”. A sociedade partilha também responsabilidades neste processo: desde muito cedo somos comparados com aquela que é mais bonita ou com aquele que tira boas notas. Esse tipo de críticas comparativas geram um sentimento de humilhação que nos faz sentir incapazes de obter o que o outro tem. Na escola, na família ou na sociedade em geral a competição baseada na ideia de que o outro não pode ser melhor do que eu acaba por gerar insatisfação comigo próprio, fazendo crescer na sociedade um sentimento geral de desamor social.

A inveja não é mais do que um sentimento de inutilidade que gera uma revolta por não sermos como os outros são. Quantas vezes não reparamos o tom de desinteresse e incómodo por parte das pessoas quando falamos em algo positivo que nos aconteceu? E quantas vezes contamos uma tragédia que se passou com alguém que, pelo contrário, desperta o interesse de todos?

Cada um tem as suas potencialidades e peculiaridades que me podem tornar vitorioso. Como tal, é na auto-comparação que eu reconheço as minhas próprias capacidades. É esta procura de mim mesmo que permite a valorização pessoal.

Assim, quem sai mais prejudicado da inveja não são os outros, mas quem inveja. Ela é destrutiva, corrói a auto-estima, destrói o crescimento individual, destruindo a sua auto-aceitação porque não produz mudanças favoráveis ao desenvolvimento do invejoso, enquanto pessoa. Contaminado pelo ódio, o invejoso aproveita-se da projecção, tornando más as pessoas que são boas e, por não conseguir obter o que o invejado consegue, faz com que as qualidades do indivíduo invejado fiquem escondidas, por não as querer perceber perante os outros, numa tentativa de raiva e tristeza por tudo o que ele tem e conquista. Frustrado, e por negar os próprios sentimentos negativos que há dentro de si, o invejoso coloca todo o tipo de sentimentos maus naquele que é o objecto da sua inveja. Posto isto, e sendo o efeito mais devastador da inveja, ela é factor de bloqueio de qualquer potencial criativo.

"Só haveria algo positivo na inveja se pudéssemos reproduzir fielmente o modelo de vida de alguém realmente criativo." António Carlos (psicólogo)


FONTES:
http://antonioaraujo_1.tripod.com/psico1/portugues/inveja/inveja.html

http://www.redepsi.com.br/portal/modules/news/article.php?storyid=2040

http://www.psicologia.org.br/internacional/ap22.htm

http://www.portalangels.com/comportamento1.htm

Importância das relações de intimidade na adolescência

Uma relação de intimidade pressupõe, antes de tudo, a abertura para os outros, a sinceridade e a confiança. Esta experiência, baseada numa comunicação profunda entre os intervenientes, implica uma vivência e um envolvimento que não acontece com todas as pessoas com quem convivemos. Intensas e duradouras, as relações de intimidade são definidas por psicólogos e sociólogos como uma questão de comunicação emocional com os outros e comigo mesmo. Implica também um vínculo baseado na interacção com o outro que pode ser verbal – é através das conversas que eu partilho e exprimo os meus sentimentos e emoções – ou não verbal – a proximidade física, o tocar ou o acariciar são elementos importantes na manifestação da intimidade. Esta está, por sua vez, condicionada pelo contexto social: o padrão cultural influencia a forma como as relações íntimas se exprimem e se manifestam, de acordo com um lugar e um momento no tempo específicos. Criar intimidade é gerar um elo, um contacto. Esta relação comigo mesmo e com os outros, ou seja, esta ligação entre o interior e o exterior, propicia proximidade e cumplicidade, constituindo um atalho possível para o indivíduo compreender e conhecer-se a si mesmo e os outros.

É na adolescência que as relações íntimas desempenham um papel mais significativo: o desenvolvimento de amizades íntimas envolve vários aspectos como "o incremento da necessidade de intimidade, mudanças na capacidade para desenvolver relações de intimidade e mudanças na forma de expressar a sua individualidade e intimidade perante os outros". Sendo a adolescência o período fundamental de maturação psicológica, é durante esse processo que o adolescente molda a sua personalidade enquanto indivíduo. Todas as alterações ocorridas durante esta fase obrigam o adolescente a reencontrar a sua identidade tanto física como psicológica, bem como a avaliar o seu papel nas relações interpessoais e na sociedade. No entanto, e felizmente para nós, adolescentes, é a partir da adolescência que ficamos com uma maior capacidade em compreender qual o nosso lugar no mundo, o que nos permite, gradualmente, conquistar a nossa autonomia, a nossa intimidade e, por isso, o nosso espaço.

Esta maior capacidade em expressar valores como a honestidade e a descoberta de si mesmo faz com que seja na adolescência que surjam as primeiras relações de amizade baseadas na intimidade. Junto de outros adolescentes como eu, encontramos experiências comuns para relatar. Por isso, escolho os amigos com os mesmos interesses, valores e atitudes que os meus, assegurando uma maior confiança nas minhas relações e permitindo-me gerar laços afectivos e sociais mais estáveis. Evidentemente que isto facilitará depois a minha adaptação e integração como adulto na sociedade.

É assim importante perceber a importância do desenvolvimento das relações de amizade íntima durante a adolescência: segundo estudos que encontrei durante a minha pesquisa sobre o tema, elas são importantes e determinantes na construção da identidade do adolescente e na definição das suas ideias, dos seus valores, objectivos, na construção dos sentimentos de pertença e auto-estima e na imagem que constrói de si próprio.

http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=706

http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v24n4/v24n4a06.pdf

Manual de Psicologia 12º ano.

O Puzzle


Nunca sabemos o que o dia de amanhã nos irá trazer. Nunca podemos afirmar com certezas de que algo irá correr desta ou daquela forma, porque o “momento” está condicionado por uma série de factores incontroláveis e inesperados.Cada um dos nossos momentos vividos pode ser então compreendido como uma peça de um puzzle. Cada alegria, cada tristeza, cada aventura, cada loucura, cada desilusão, cada tentativa. Tudo isto, quando unido, forma uma única imagem, que neste caso é tudo aquilo que nos caracteriza, tudo aquilo que nós somos, tudo aquilo que nós vivemos.Por vezes as peças não encaixam, e tudo se torna um dilema. Ficámos desorientados, perdidos e buscámos a solução. Contudo o que acontece é que encontrar a peça correcta é tão difícil, que tendemos a desistir. A ironia de tudo isto é que na maioria dos casos a peça esta lá, mesmo que encoberta, ela está lá e tão perto de nós… Apenas necessitamos de olhar de uma perspectiva diferente, nada mais! Claro que para tal é necessária a ousadia, coragem, um pouco mais de atrevimento. Mais do que querer é preciso acreditar. Acreditar que somos capazes, sempre sendo nós próprios e não aquilo que querem que sejamos. Desistir? Não podemos. Não é por uma peça não encaixar que devemos desistir de todo o nosso puzzle. Seria um absurdo. A verdadeira alegria está na luta, na busca, na tentativa e no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita. Ser feliz não é fácil, de maneira nenhuma, muito pelo contrário. Em certas alturas, é muito complicado manter-nos alegres pois parece que está tudo contra nós, parece que o mundo dá uma volta e tudo fica de pernas para o ar. Mas nada disto nos deve fazer desistir dos nossos objectivos, viver já é em si uma razão para sorrir. Temos de ser fortes e aceitar o desafio. Nunca estaremos sozinhos, existem muitos como nós lá fora, basta olhar com atenção. Partilharemos entre todos ideias, concelhos, sorrisos e alegrias como também tristezas e lágrimas, mas pelo menos vivemos!Daí que as minhas expectativas são simples, nunca desistir. A vida é toda ela cheia de desafios, e sei que não será nada fácil. Agora entrei numa nova etapa, digamos que uma nova aventura. Este novo ano trouxe novos desafios e não falo só a nível escolar. Idealizo um fim e trabalho no sentido do mesmo. Tendo a consciência de que as coisas poderão não correr exactamente como imagino, tentarei pelo menos manter-me de cabeça erguida, pronta para arranjar novas soluções que me possam ajudar.O puzzle começa a ficar cada vez mais preenchido, mas por enquanto ainda está muito incompleto, daí que ainda seja muito confuso encontrar as peças correctas. Partindo do princípio que a vida é feita para aproveitar e que o Homem tem a capacidade de viver infinitos momentos, os puzzles não tem medida exacta. Podem mesmo alcançar medidas impensáveis. Espero sinceramente que seja este o meu caso.Em suma, a alegria está no acto de viver e em aproveitar cada momento como se fosse o nosso último. Desistir não pode ser uma palavra presente no nosso dicionário, neste deveremos sim incluir palavras como coragem, ousadia, audácia, confiança. A firmeza de espírito e a força da alma serão importantíssimos ou mesmo imprescindíveis em todas as nossas etapas.

O Papel do Pai


O assunto que eu aqui venho tratar nem sempre preocupou os estudiosos da Psicologia. No entanto, num mundo onde a dinâmica social sofre constantes transformações, torna-se necessária a revisão do papel do pai na estrutura familiar. Estudar as repercussões da exclusão do pai no desenvolvimento da personalidade de uma criança ou a influência dos contextos culturais na prática da paternidade são alguns dos objectivos desta minha reflexão que toma como objecto de estudo “os novos pais”.
Estudos científicos mostram que o papel do pai começa desde cedo. A sua participação e o seu envolvimento devem ter início no momento mais precoce possível. Sabe-se, inclusive, que ao participarem no parto, os pais se sentem extremamente úteis. Mas nem sempre tal se verificou.
O modelo de pai que antes se reflectia no controlo e na autoridade no seio da família, reservava para a mãe as tarefas domésticas, incumbindo-a de tratar única e exclusivamente da educação dos filhos. Este modelo de família tradicional estava assim organizado segundo uma hierarquia em que a figura paternal se baseava essencialmente no poder económico, isentando-se por completo de possíveis manifestações afectivas para com os seus filhos.
No entanto, e devido às mudanças sociais que se fizeram sentir a partir da década de 60 (como a emancipação da mulher), estabeleceram-se novas relações entre homens e mulheres, levando ao aparecimento de novos padrões familiares. O homem tem assim assistido à ruptura progressiva da hierarquia doméstica, assim como ao questionamento constante da sua autoridade.
Apesar do papel materno prevalecer sobre o papel do pai, sabe-se que a importância da figura paternal é altamente notória no desenvolvimento cognitivo, emocional e social de uma criança. Por outro lado, a relação estabelecida com os filhos ajuda ao desenvolvimento pessoal do homem enquanto pai.
Vários são os especialistas que defendem que a quebra do vínculo afectivo com o pai pode gerar sentimentos de abandono e de rejeição por parte da criança que se poderão repercutir nas relações por ela desenvolvidas no futuro, comprometendo a formação de novos vínculos. Descobri Guy Coreant, psicólogo, que afirma que “o pai é o primeiro outro que a criança encontra fora do ventre da mãe”, sendo esta presença que lhe vai servir como suporte e apoio, possibilitando o seu desprendimento da mãe e a passagem do mundo da família para o mundo da sociedade. Também Raissa Cavalcante defende que a figura paterna é a que permite à criança entrar num horizonte de novas possibilidades.
Disto tudo, e não questionando de forma alguma o papel da figura materna no desenvolvimento psico-social de uma criança, podemos concluir que não é por isso que a figura paterna se torna dispensável. Assim, e porque “ser pai não é duplicar a função de mãe mas sim dar uma nova dimensão à vida da criança”, a construção de relações afectivas duradouras (e saudáveis), seja com o pai seja com a mãe, só traz vantagens para o desenvolvimento de uma criança: ao terem um papel mais activo no acompanhamento dos seus filhos, vão contribuir para a formação de expectativas relativamente a relações futuras que as crianças possam vir a desenvolver.






quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Representações Sociais




A cognição social é um processo cuja finalidade é compreender de que forma os nossos pensamentos (atitudes) são afectados pelo contexto social em que cada individuo está inserido e de que modo influenciam o seu comportamento. Os processos de cognição social permitem tornar o estranho em conhecido.
Dentro destes processos, incluem-se as impressões, expectativas, atitudes e representações sociais, sendo destas últimas que me pretendo debruçar ao longo deste ensaio.
Se formos ao dicionário verificamos que, o conceito de representação surge associado a uma imagem mental, a uma reconstrução do real que permite ao ser humano a capacidade de relembrar ou evocar um dado acontecimento, objecto ou pessoa, na sua ausência. Quando as representações são aceites e partilhadas por uma dada sociedade ou grupo de indivíduos estamos perante as designadas Representações Sociais, isto é, conjunto de explicações, de crenças e ideias, elaboradas a partir de modelos culturais e sociais que dão quadros de compreensão e interpretação do real. As representações sociais são características de uma determinada época e contexto histórico, por isso, a sua alteração ocorre muito lentamente. Um bom exemplo disto é a representação da mulher nas sociedades ocidentais. Contemporaneamente, para além de ser mãe de família, desenvolve uma actividade profissional em que procura como é evidente ser bem sucedida. Esta representação que, actualmente é tida como desejável, seria impensável no início do século XX, cuja representação social era da mulher que ficava em casa a cuidar dos filhos e das tarefas domésticas. Outro exemplo onde é evidente a mudança da representação é no ideal de mulher bonita. A imagem robusta, com ancas arredondadas, associada ao que se considerava um corpo bonito e esbelto, deu lugar a um ideal em que dominam os corpos magros e esguios.
As representações sociais, também consideradas em sentido mais amplo como pensamento social, são deveras imprescindíveis nas relações humanas, uma vez que, dão uma explicação, um sentido à realidade (função de saber). Alem disso, ao funcionarem como reguladoras e orientadoras do comportamento (função de orientação) permitem aos indivíduos comunicarem e compreenderem-se.
É também importante salientar a função de identidade das representações sociais, são elas que permitem construir uma identidade social do grupo, pois numa mesma sociedade existem diferentes grupos que possuem representações diferentes acerca de uma mesma realidade – as representações sociais não são homogéneas dentro de uma sociedade. São também uma forma dos indivíduos explicarem e fundamentarem as suas opiniões e comportamentos.
Na formação deste tipo de pensamento estão subjacentes dois processos que funcionam em parceria: a objectivação e a ancoragem.
Em primeiro lugar ocorre a objectivação, processo este que permite a formação de um todo coerente, através da selecção e da descontextualização do objecto, seguindo-se a fase da esquematização, que tem como objectivo construir um esquema ou melhor um “núcleo figurativo”onde constem organizadamente num padrão de relações, os principais elementos do objecto da representação. Este processo termina com a naturalização dos padrões relacionais que passam a ser percebidos claramente. Assim os elementos abstractos tidos inicialmente transformam-se em imagens concretas, que fazem parte da realidade.
A objectivação é, portanto um processo de simplificação, uma vez que se perde muita informação. No entanto, esta riqueza informativa que se perde durante o processo ganha-se em entendimento.
Posteriormente ocorre o processo de ancoragem. Através deste ocorre a assimilação das imagens criadas pela objectivação, sendo que estas se integram em categorias (daí que a representação social seja uma manifestação dos fenómenos da categorização) que o sujeito possui fruto das experiências anteriores.
A objectivação e a ancoragem funcionam como um todo no processo de formação das representações sociais.
Estas, quando ancoradas, funcionam como um filtro cognitivo, uma vez que as novas representações são interpretadas segundo os quadros de representação preexistentes. Assim, vão influenciar o comportamento dos indivíduos. Por exemplo, se determinado indivíduo tiver uma má representação dos estrangeiros, esta terá muita influência no comportamento, uma vez que, pode levar inclusivamente a reacções xenófobas. Por este motivo é que apesar de serem extremamente importantes, as representações sociais podem revelar-se muito perigosas.


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Conformismo

Conformidade ou conformismo?
Na década de 50, Solomon Asch do Swarthmore College na Pensilvânia publicou uma série de artigos que realçavam o poder da conformidade na determinação de comportamentos individuais em grupos, algo que ficou conhecido como o «Paradigma de Asch». Asch mostrou que muitos tendem a mudar de opinião em relação a factos objectivos - nas suas experiências, as dimensões de uma linha desenhada num papel - para se conformarem às opiniões do grupo, mesmo quando este está obviamente errado.Nas experiências de Asch participavam um «sujeito ingénuo» e um grupo previamente instruído para responder erradamente às questões colocadas. Após várias experiências, Asch chegou à conclusão de que, se isoladamente interrogados, os «sujeitos ingénuos» responderam correctamente 99% das vezes. No entanto, quando em grupo e respondendo depois dos restantes, 37% dos ingénuos seguiram a opinião errada dos outros membros do grupo. Asch comentou a propósito que: «Este resultado levanta questões sobre o modo como somos educados e sobre os valores que guiam a nossa conduta».Desde então, vários investigadores têm sugerido que a conformidade ajuda as pessoas a ganhar aceitação social e a sentir confiança em que as suas percepções ou opiniões estão correctas. De facto, outras experiências têm indicado que levantar uma voz discordante causa ansiedade e confusão.Um artigo recente na Neuron, sugere um papel para o nosso «brain's reinforcement learning system» na determinação do comportamento de rebanho. No artigo «Reinforcement Learning Signal Predicts Social Conformity», Vasily Klucharev, um neurocientista social da Radboud University na Holanda, confirma estudos prévios que indicavam que determinadas zonas do cérebro, áreas que se pensa fazerem parte do nosso sistema de aprendizagem, se activam quando as pessoas fazem previsões erradas em jogos e despoletam uma alteração de estratégia. Klucharev e colegas mostraram que as mesmas áreas são activadas quando a escolha de um indivíduo não se conforma à opinião do grupo.

Palmira F. da Silva, no Blog "De Rerum Natura" (http:\\dererummundi.blogspot.com\)

Recomeçar

Novo ano lectivo. Novos alunos que continuam a ser, provavelmente, os melhores alunos do mundo. Novos trabalhos. Recomeçar. Estou à espera, com as melhores expectativas (efeito "Rosenthal", auto-realização das profecias, lembram-se?)