domingo, 1 de junho de 2008

Sonhos


Os Sonhos

“Os sonhos são uma pintura muda, em que a imaginação a portas fechadas, e às escuras, retrata a vida e a alma de cada um, com as cores das suas acções, dos seus propósitos e dos seus desejos”

Padre Vieira, no Sermão de São
Francisco Xavier Dormindo


A experiência subjectiva que aparece na consciência durante o sono e que, após o despertar, chamamos sonho é, apenas, o resultado final de uma actividade mental inconsciente durante este processo fisiológico que, por sua natureza ou intensidade, ameaça interferir o próprio sono.
Mas, o que são concretamente os sonhos? Porque é que surgem a meio do sono? Porque que às vezes os sonhos nos afectam tanto? Porque é que eles nos perturbam e inquietam? Porque é que as vezes temos a convicção de que sonhamos mas depois não sabemos com o quê? Porquê? Porquê? Muitos são os porquês, muito é o mistério que este assunto fomenta e muitos foram os autores que se debruçaram sobre estas questões, no entanto, aquele que formulou a explicação mais verosímil aos olhos da psicologia foi Sigmund Freud. Segundo este, os sonhos são uma representação simbólica de desejos e necessidades recalcadas que, de forma disfarçada ou não, são satisfeitas em pleno campo psíquico.
Intitulou sonho manifesto à experiência consciente, durante o sono, que a pessoa pode ou não recordar depois de acordar. Os seus vários elementos, observáveis e concretos - como árvores, morangos, pessoas, (…) – são designados por conteúdo manifesto. Os pensamentos, sentimentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são os “elementos”, ocultos e abstractos, que constituem o conteúdo latente. As operações mentais inconscientes por meio dos quais o conteúdo latente do sonho se transforma em sonho manifesto designam-se por elaboração do sonho.
Importante será salientar que Freud considera os sonhos guardiães do sono devido ao facto de eles evitarem que o sujeito acorde para satisfazer o desejo ou necessidade, através deles o nosso inconsciente consegue enganar a nossa consciência e evitar o despertar, simulando – no sonho – situações em que tal acontece.
Para perceber os vários conteúdos dos sonhos é necessário estudar a sua linguagem, nomeadamente os seus símbolos, interpretar os seus elementos, concretos ou abstractos, observáveis ou ocultos. Tal processo é normalmente executado pelos psicólogos, contudo, na opinião de Freud a melhor compreensão é a executada pelo sujeito que sonha, isto porque os sonhos são influenciados pelos aspectos da vida emocional do sujeito, dos acontecimentos que lhe ocorreram nos últimos dias, nos acontecimentos que estão para ocorrer. E só ele está a ao corrente de tudo isto, de toda a sua história pessoal.
Afincadamente, tudo isto faz sentido, mesmo que à partida nos pareça estranho, no entanto, uma inquietação persiste. Se os nossos sonhos são a representação mental de desejos, quais serão os desejos que engendram todos aqueles sonhos que, após várias reflexões, não possuem sentido algum? Há pesadelos dificilmente explicáveis como realização de um desejo.
Tanto a questão, como esta afirmação colocaram a teoria de Freud em causa, mas o pai da psicanálise refutou esta crítica dando o exemplo de desejos sádicos e masoquistas que produzem grande ansiedade e perturbação mental afectando assim os sonhos, mas nem por isso deixam de ser desejos satisfeitos no campo psíquico.
Os sonhos são muito importantes e na minha opinião o mais relevante neles não é a função de proteger o sono, mas sim a função psíquica de carregar, de suavizar, de substituir a realidade que nos é hostil, por outra, totalmente diferente, onde um novo mundo se descortina perante a alma e onde todas as nossas acções parecem absurdas, justamente porque as mais censuráveis, na sociedade em que vivemos, gozam, enquanto dormimos, de uma espécie de liberdade condicional, quando se expandem no sonho. Todavia, para além das nossas acções nós também usufruímos de sermos livres, de sermos e termos tudo aquilo que sempre desejamos, de fazermos tudo aquilo que parece impossível na realidade que nos envolve. No fundo, nos só somos verdadeiramente livres quando sonhamos, só ai é que nada é proibido, em que nada é censurado, só ai é que não há limites, só aí é que não há regras e normas que nos reprimem!


Bibliografia:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho#Sonho_e_Freud
http://www.pregaapalavra.com.br/monografia/sonhos1.1.htm
http://www.pregaapalavra.com.br/monografia/sonhos1.2.htm
http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/freud/index0%208.html
http://www.psicologia.com.pt/artigos/ver_artigo.php?codigo=A0165&area=d1&subarea
http://www.centrorefeducacional.com.br/freudpsi.htm
http://hgespuny.sites.uol.com.br/bluesquare/transsono.htm,autor:HERBERT GONÇALVES ESPUNY

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