domingo, 1 de junho de 2008

Teoria comportamental de Watson


Seria imperdoável iniciar o estudo desta teoria sem uma breve citação do psicólogo em causa, que nos elucida sobre a base da sua teoria:

“Dêem-me uma dúzia de crianças sadias, bem constituídas e a espécie do mundo que preciso para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao acaso, prepará-la-ei para se tornar num especialista que eu seleccione: um médico, um comerciante, um advogado e sim, até um pedinte ou ladrão, independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim como da profissão e da raça dos seus ancestrais”.

WATSON, J., Behaviorism, Norton, 1925, p. 85

A partir desta citação é visível a intenção de Jonh Watson, pai da Psicologia científica. De facto, este psicólogo pretendia transformar a Psicologia numa ciência aplicável não só aos animais, mas também aos seres humanos, pois considerava que todas as espécies tinham evoluído, por selecção natural, partindo de uma origem comum, à semelhança do que defendia Darwin. Segundo ele, não faria qualquer sentido a divisão entre a psicologia humana e a psicologia animal, dado que existia uma continuidade entre ambos. Assim, este ramo da neurociência cingir-se-ia ao mero estudo dos comportamentos observáveis (behaviorismo), directa ou indirectamente, constituindo-se uma ciência autónoma, objectiva e, sobretudo, experimental. Deste modo, podiam ser medidas as respostas, seguindo um determinado método experimental, obtendo-se um grau de objectividade superior ao método introspectivo, ou seja, através de várias experiências conseguiria adquirir um conhecimento mais alargado acerca do comportamento humano do que utilizando, por exemplo, o método da psicanálise de Freud. Cabia à Psicologia observar, quantificar, descrever o comportamento enquanto relação causa/efeito, mas nunca interpretá-lo.
De acordo com a teoria de Watson, estes comportamentos constituiriam então a resposta de um indivíduo a um determinado estímulo, sendo este último representado por um E (objectos exteriores) e a resposta por um R (reacções físicas). A um conjunto de estímulos designava-se por S (situação). Watson estabelece, portanto, relações múltiplas entre estímulo e resposta.
Por estímulo entende-se o conjunto de excitações que agem sobre um indivíduo de forma a ser provocada uma resposta. É claro que todo o estímulo tem um limiar e um limite, por exemplo: o nosso organismo não reage a ultra-sons, apenas a sons dentro da gama de frequências apropriadas ao ser humano. Podemos ainda subdividir os estímulos em duas sub-categorias: os estímulos provenientes do meio interno (movimentos dos músculos, secreções das glândulas, ou seja, as nossas alterações corporais) e estímulos provenientes do meio externo (raios luminosos, ondas sonoras, vento, etc.).
Quanto às respostas, podemos dizer que são tudo o que um indivíduo faz, desde o simples acto de estremecer devido a um barulho, à complexa construção de um arranha-céus. É o conjunto de reacções concretas e observáveis no indivíduo, que derivam da relação complexa entre diferentes estímulos provenientes do meio físico em que está inserido o sujeito, dando-se em função da situação. Seria possível então ao psicólogo, através do estímulo, prever o comportamento que lhe estaria associado.
Neste contexto, os comportamentos são nada mais, nada menos, que aprendizagens condicionadas pelo ambiente à sua volta. São respostas que podem ser explícitas (directamente observáveis) e/ou implícitas (não observáveis pelos outros).
Esclarecidos estes conceitos, empreende-se que a base do behaviorismo no qual Watson se apoiou, seja a de que um mesmo estímulo – ou estímulo semelhante – provoque sempre a mesma reacção, a mesma resposta nessa pessoa ou animal. A mesma causa conduz sempre ao mesmo efeito, pelo que não só seria possível prever os comportamentos, mas igualmente controlar a sua produção, condicioná-los. É a partir dos comportamentos mais simples e mais elementares – e, portanto, comuns tanto a ser humanos como a animais –, que se compreendem os comportamentos mais complexos, sendo possível tirar conclusões explícitas a partir do desenvolvimento de pesquisas em animais.
A hereditariedade é, assim, posta de lado, valorizando-se unicamente a influência do meio, do contexto social, ou seja, a educação. O indivíduo é passivo no processo de conhecimento e desenvolvimento. Ao estudar aquilo que é meramente observável, o estudo dos processos cognitivos torna-se deveras limitado. Ele chega mesmo a afirmar que “O homem não nasce, constrói-se”.
Em conclusão, a sua teoria baseia-se em quatro aspectos fundamentais, que funcionam como uma espécie de síntese e que passamos a citar:

Ø O comportamento é composto por respostas e pode ser analisado em cada detalhe da sua constituição, a partir dos estímulos que lhe são adjacentes;
Ø O comportamento é constituído por alterações do nosso corpo (secreções glandulares, etc.) cingindo-se a processos físico-químicos;
Ø Para todo e qualquer estímulo, existe sempre uma reposta, que será semelhante em indivíduos inserido no mesmo meio;
Ø É a partir de comportamentos mais simples que se conseguirá entender os mais complexos;

Assim, Watson afirma, em Psychology As The Behaviorist Views It: “Creio ser possível criar uma psicologia (…) jamais usando os termos da consciência, estados mentais, mente, conteúdo, verificável por introspecção, imagens e outros afins (…). A definição pode ser feita em termos de estímulo e resposta, formação de hábitos, integração de hábitos e outros”.



Fontes:
MONTEIRO, Manuela Matos e OUTROS, Ser Humano – 12ºano Psicologia B, Porto Editora, 2007.
http://www.notapositiva.com/trab_estudantes/trab_estudantes/psicologia/psicologia_trabalhos/teoria_desenv.htm http://wapedia.mobi/pt/Behaviorismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comportamento



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