Uma relação de intimidade pressupõe, antes de tudo, a abertura para os outros, a sinceridade e a confiança. Esta experiência, baseada numa comunicação profunda entre os intervenientes, implica uma vivência e um envolvimento que não acontece com todas as pessoas com quem convivemos. Intensas e duradouras, as relações de intimidade são definidas por psicólogos e sociólogos como uma questão de comunicação emocional com os outros e comigo mesmo. Implica também um vínculo baseado na interacção com o outro que pode ser verbal – é através das conversas que eu partilho e exprimo os meus sentimentos e emoções – ou não verbal – a proximidade física, o tocar ou o acariciar são elementos importantes na manifestação da intimidade. Esta está, por sua vez, condicionada pelo contexto social: o padrão cultural influencia a forma como as relações íntimas se exprimem e se manifestam, de acordo com um lugar e um momento no tempo específicos. Criar intimidade é gerar um elo, um contacto. Esta relação comigo mesmo e com os outros, ou seja, esta ligação entre o interior e o exterior, propicia proximidade e cumplicidade, constituindo um atalho possível para o indivíduo compreender e conhecer-se a si mesmo e os outros.
É na adolescência que as relações íntimas desempenham um papel mais significativo: o desenvolvimento de amizades íntimas envolve vários aspectos como "o incremento da necessidade de intimidade, mudanças na capacidade para desenvolver relações de intimidade e mudanças na forma de expressar a sua individualidade e intimidade perante os outros". Sendo a adolescência o período fundamental de maturação psicológica, é durante esse processo que o adolescente molda a sua personalidade enquanto indivíduo. Todas as alterações ocorridas durante esta fase obrigam o adolescente a reencontrar a sua identidade tanto física como psicológica, bem como a avaliar o seu papel nas relações interpessoais e na sociedade. No entanto, e felizmente para nós, adolescentes, é a partir da adolescência que ficamos com uma maior capacidade em compreender qual o nosso lugar no mundo, o que nos permite, gradualmente, conquistar a nossa autonomia, a nossa intimidade e, por isso, o nosso espaço.
Esta maior capacidade em expressar valores como a honestidade e a descoberta de si mesmo faz com que seja na adolescência que surjam as primeiras relações de amizade baseadas na intimidade. Junto de outros adolescentes como eu, encontramos experiências comuns para relatar. Por isso, escolho os amigos com os mesmos interesses, valores e atitudes que os meus, assegurando uma maior confiança nas minhas relações e permitindo-me gerar laços afectivos e sociais mais estáveis. Evidentemente que isto facilitará depois a minha adaptação e integração como adulto na sociedade.
É assim importante perceber a importância do desenvolvimento das relações de amizade íntima durante a adolescência: segundo estudos que encontrei durante a minha pesquisa sobre o tema, elas são importantes e determinantes na construção da identidade do adolescente e na definição das suas ideias, dos seus valores, objectivos, na construção dos sentimentos de pertença e auto-estima e na imagem que constrói de si próprio.
http://www.medipedia.pt/home/home.php?module=artigoEnc&id=706
http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/aps/v24n4/v24n4a06.pdf
Manual de Psicologia 12º ano.
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