Um matador solitário e um touro semienlouquecido desempenhavam os respectivos papeis num ritual antigo e violento numa arena inundada de luz do sul de Espanha. Foi no Verão de 1964, mas o filme do incidente continua a ser exibido nas salas de conferências. Quando o touro carregou sobre o homem desarmado tornou-se óbvio que a capa não era brandida com a firmeza habitual. Permanecia flácida e imóvel. Na verdade, o homem que se encontrava no centro da arena, o cientista neurológico José Delgado, nunca tinha sido objecto de um ataque de um animal em toda a sua vida. Mas os cornos não chegaram a tocar no cientista. Segundos antes do impacte, Delgado carregou num interruptor de um pequeno transmissor de rádio que tinha na mão e o touro suspendeu imediatamente a corrida. José Delgado carregou noutro botão e o touro deu meia volta e afastou-se a trote manso. Delgado esta triunfante. Após quinze anos de estudo do funcionamento de cérebro, havia provado da forma mais dramática possível que o conhecimento e o controlo dos seus mecanismos tinham atingido um refinamento que permitia ligar e desligar a agressividade de um animal por controlo remoto.
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Qual a causa da agressividade?
Harriet Swain (org), Grandes questões científicas, Lisboa, Gradiva, 2007
Os seres humanos são bastante mais complexos do que os touros. Ainda que a sua agessividade tenha também um fundamento biológico este não explica tudo. Seria possível "desligar" a agressividade num ser humano? E se fosse, quais as consequências?
Publicada por DM à(s) 21:38
Autores (Professora), Agressividade
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1 comentário:
Na minha opinião a agressividade faz parte do ser humano, tal como faz parte de todos os outros animais. Esta tem fundamentos biológicos, como já estudámos, mas não só: tem também como base o contexto em que estamos inseridos.
O ser humano não é determinado, pode escolher o que fazer nas diversas situações em que se encontra! Porquê tirar-lhe parte da sua liberdade?! Nem sei bem até que ponto isso seria possível, tendo o nosso cérebro a capacidade plástica que lhe é conhecida.
Posso então afirmar que seria (de certa forma) bom conhecer uma forma de minimizar a agressividade nos seres humanos, já que existem situações em que esta transpõe os limites da própria condição humana. Mas, não me parece que a inibição total da agressividade fosse possível.
Além disso, que benefícios isso traria? A agressividade tem o seu lugar bem assegurado, faz-nos tanta falta como o amor e a amizade (por exemplo)! Apesar de lhe ser dada uma conotação bastante diferente. Se aprendêssemos a anular completamente a nossa agressividade, podíamos pôr em causa até mesmo a nossa sobrevivência, não só em termos de indivíduo, mas também de espécie – não teríamos capacidade de defese nem dos outros seres humanos nem das outras espécies e, assim, seríamos rapidamente aniquilados.
A capacidade de escolha é nossa: nós próprios decidimos quando e como queremos ser agressivos. Então, será que o controlo da agressividade não passa por uma tentativa de educação da população, em vez do uso de aparelhos que promovam a total inibição dos comportamentos agressivos?
É muito fácil dizer que alguém é agressivo e aplicar-lhe um engenho qualquer para que deixe de o ser! O difícil é tentar ajudar essa pessoa a ultrapassar a sua própria agressividade. Mas será que não podemos, pelo menos, tentar?! A palavra tem um enorme poder, apenas usando-a conseguiremos entender a importância que esta realmente possui. Sejamos mais humanos…
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